Ora então, quem é o Zé Povinho? É simples: é aquele português típico que está em todo lado... e em lado nenhum. É o gajo do café que comenta tudo — desde política internacional até o preço do bacalhau — mesmo que não perceba nada do assunto. É o especialista em tudo e mais alguma coisa, mas sempre com um ar de “eu cá não me meto, mas...”.
Criado em 1875 por Rafael Bordalo Pinheiro (esse verdadeiro visionário com queda para o sarcasmo), o Zé Povinho nasceu para representar o povo — aquele que leva com tudo em cima e ainda paga a conta no fim. Ele é o herói anónimo das filas da Segurança Social, das rotundas infinitas, e dos saldos da Zara.
Ah, e não podemos esquecer o gesto clássico do Zé: o famoso “manguito”! Um mimo da linguagem corporal portuguesa que significa mais ou menos: “Toma lá, ó artista!”. É o nosso “emoji” nacional muito antes de haver telemóveis ou redes sociais. Expressivo, elegante... e ligeiramente ofensivo, como tudo o que vale a pena na vida.
Hoje em dia, o Zé Povinho está em museus, cerâmicas, memes e até em ímanes de frigorífico. E mesmo passados quase 150 anos, continua atual: ainda a resmungar, ainda a gozar com os políticos e ainda a fazer manguitos com classe.
Em resumo: o Zé Povinho somos todos nós. Com um pé na tradição, outro na revolta... e os dois bem assentes na calçada portuguesa.
“Com um pé na tradição, outro na revolta… e os dois bem assentes na calçada portuguesa.”
